Eu sou uma folha de papel amassada, a maioria já me rabiscou.
São tantas rasuras que me rasgaram e no lixo aqui estou.
Outros papeis me cercam, me cobrindo, me escondendo, até eu sumir…
Já fui uma folha em branco e não me recordo do primeiro risco ou rasura…
De repente na lixeira alguém esbarra e aqui estou no chão a rolar, enigmas dentro de mim conseguiram criar, sou uma bolinha de papel, pareço invisível para quem por mim passa, mas aqui estou, no chão, ao lado do pé da cadeira.
Até que alguém me pega e me abre, uma imensidão de segredos que assustam tanto que me atinge tiros de lágrimas… silêncio absoluto.
As palavras desconhecidas se tornam um adeus, que poderia ter sido evitado se na lixeira não tivesse me jogado, se eu tivesse sido uma folha de papel lida antes de tudo acontecer.
Era um pedido de socorro ? Coração partido ? Ou uma dor profunda ? Continha ódio ? Traumas ? Ou alguém que queria que a dor parasse ?
Medos guardados… perdões em vão… de alguém que só amou e para uns foi inspiração e nada mais…
Corajosa ou covarde, ninguém tem direito de julgar. Pois sua alma já sangrava antes mesmo de no papel marcar.
Antes de ser tocada por quem me abriu, meu último final foram gotas de orvalho borrando algumas palavras, mas ainda sendo visíveis para decifrar a mensagem.
E a última que continha um singelo “adeus”.
Autora: Bianca Alves